God Bless America

Participei do encontro promovido pelo Instituto Sírio-Libanês, em São Paulo com Dr. Rafael Bengoa, assessor especial da Casa Branca para questões que envolvem o programa Obamacare.

Desde o início confesso, esperava por uma abordagem mercantilista da Saúde Pública pelo ilustre convidado, já que estava diante do responsável pelo seguro saúde destinado à camada mais pobre do país berço do capitalismo mundial. Contudo, ao ouvi-lo fiquei surpreso, recebi com entusiasmo suas considerações por conta da visão social que sua abordagem trouxe sobre um tema bastante polêmico.

Então pouco a pouco, as minhas inquietações sobre aquela visão de mundo se dissiparam e mudei o foco. Passei portanto a me questionar se o problema brasileiro, crônico na área da saúde não estaria na democracia de mercado sustentada pelo interesse privado via financiamento de campanhas, ou de maneira mais abrangente, não estaria no tipo de capitalismo em curso no país, desalinhado com o desenvolvimento social? 

De fato, em ambos os caos, a referencia indica um Estado omisso em suas atribuições básicas, constitucionais, estimulando relações sociais conflituosas as quais submetem a população ao puro assistencialismo e empresários do setor à imoralidade. Como se o agente publico estivesse isento de responsabilidades atribuindo tais conflitos a ordem do acaso. 

Assim, a falta do Estado necessário as boas relações sociais, torna-o intervencionista aonde não foi chamado, mantendo-se omisso onde deveria atuar com rigor. Exageros à parte, dessa forma os governos apenas reproduzem este ambiente insustentável.

Entretanto, diante de todos o senhor Rafael Bengoa falou da experiência americana, das novas formas de seguro saúde em diversos países, segundo a demografia, dados epidemiológicos, etc.

Sobretudo ressaltou a necessidade da regulamentação do lobby, destacando-se como fundamental distinguir, separar, isolar; aquilo que é público, daquilo que é privado. 

Além disso, destacou que o Estado deve manter certo controle sobre a produção de alimentos. Sem o qual, seria impossível produzir resultados significativos em saúde pública, concluiu ele.

Apesar dessa abordagem não ter sido espontânea, mas provocada por questionamentos encaminhados por mim, o senhor Bengoa foi coerente em suas ponderações, passando uma visão arrojada das questões que envolvem a saúde coletiva, 'onde o Estado, deveria intervir'. 

Portanto, resta-nos apelar para o capital.

In God we Trust

Claudemir Sereno.

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