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A reforma do constrangimento.

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O 45º aniversário da TV Cultura foi comemorado no programa #rodaviva com análises de ilustres 'comentadores' da história. Daí a grande expectativa, o desafio de passar a limpo os últimos 45 anos da história do Brasil, desde o regime militar até a democracia. Porém, a expectativa logo se desfez. Esperava mais. Mas mesmo assim, o programa foi educativo. Deixando evidente o policiamento ideológico ao qual foram submetidos alguns convidados. Em grande medida devido ao desenvolvimento de visões que, inapelavelmente iriam culminar na paradoxal situação em que nos encontramos. Então, para driblar constrangimentos conclusivos, interrupções eram feitas no ato da fala do convidado. Deselegância? Não, apenas, tentativa de direcionamento, ou manobra. Apesar disso, todos concordaram num ponto de vista específico, na covardia. Explico. Ao fazerem coro na defesa do SUS. Defesa irresponsável do SUS!  Fiquei perplexo.  Falaram pelos cotovelos sobre o que mal conheciam. Um, citou J...

Um doente, um voto.

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Em apenas 12 anos a Amil chegou a 4° empresa de saúde do mundo, em grande medida devido a demora quase inexplicável  na votação da PEC-29. Foram anos de espera, a saúde pública agonizou, submetida a um sistêmico desfinanciamento, deixando de receber mais R$ 200 bilhões neste período.  Sempre que o governo federal dedica ao discurso oficial termos como, 'superavit primário', equilíbrio das contas públicas e 'governabilidade' quer disfarçar, milhões de mortes, doença e muita humilhação nas filas dos hospitais públicos, Simplesmente para privilegiar o mercado desta vez o eleito foi Edson Bueno controlador da Amil.  Poderoso empreendedor representante do refinado modo de exploração, que parte da precarização do sistema público de saúde, decididos por profissionais e parlamentares financiados por este lobby,  Como bem disse o líder da oposição no Senado meu ex-professor Ronaldo Caiado: "Claudemir, você não aceitou o financiamento deles, mas mui...

Ulisses, Joyce e o desemprego.

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O fato ocorreu faz vinte e cinco anos. A época, eu estava no começo do que poderia ter sido uma ótima carreira profissional. Poderia, se não fosse o Ulisses. Isso mesmo, Ulisses! Depois de aprovado na entrevista, iria atuar na área comercial da empresa, uma multinacional portuguesa, líder mundial na fabricação de cabos navais. Bem recomendado, esperava por um lugar ao sol. Ingenuamente pensava. Com pouco tempo de casa, tive a importante missão de recepcionar o diretor presidente da empresa em visita ao Brasil.  No grande dia, no aeroporto, fiquei surpreso ao me deparar com o jovem presidente. Tinha no máximo quarenta, doutor em história pela Universidade de Coimbra e bem comunicativo. Enfim causou-me boa impressão. No cafezinho de boas vindas ainda no aeroporto já havíamos conquistado um certo grau de cordialidade. Contudo, uma observação feita por ele no carro, antes de seguirmos para o hotel, surpreendeu-me. Ocorre que no banco traseiro estava uma surrada ed...

O toque de mestre. Uma análise.

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Tudo está impregnado de seu contrário.  Essa frase diz tudo e, nada também. Portanto, a quem quiser entender a lógica por detrás das relações sociais e políticas no país, que dizem não admite amadores, se faz necessário ir além do factual. Ou, então continuaremos a narrar o cotidiano como faz a maioria.  As vezes temos a impressão que a política tal como existe no Brasil, parece nascer de um estatuto mínimo segundo o qual os pretendentes ao poder devem estar envolvidos por um sentimento comum de respeito e decência.  Contudo, a abertura da Copa do Mundo na Arena Corinthians, foi palco para maior armadilha politica de todos os tempos, ao vivo. Milhares de pessoas xingando uma 'pobre e indefesa mulher', a presidente Dilma, que diante de tal agressão sem defesa, fixou o olhar marejado no infinito, e lá ficou. A imagem lembrou a criança chorando, manchete de todos jornais em 1982, quando perdemos a Copa. Antes, é preciso saber que as tais vaias não foram espo...

Eu queria ser um Cão.

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Na infância, singelamente, eu acreditava que poderia evoluir e com o passar do tempo, tornar-me Cão. Embora tenha ao longo de minha vida testemunhado esse amor vivo, incondicional de Criança, não foi possível obter exito. Com passar do tempo reconheci, tardiamente a imensa dificuldade. Compreendi, afinal, que para chegar a Cão, eu deveria, antes, tornar-me, Santo. Toda Criança tem algo de angelical que se perde no tempo. Cão é a pura vocação.  Claudemir Sereno,

A judicialização da insuficiência do Estado brasileiro. PEC55, Lista de Schindler, Ordem e Progresso.

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As circunstâncias pelas quais a crescente judicialização das relações sociais e politicas ganha espaço na mídia, produz a falsa impressão de que basta acionar o judiciário para que o art. 196 da C.F. se torne realidade.  Ainda que a mídia insista na cobertura de casos excepcionais a fila do SUS continua tão grande quanto os milhões de processos que se avolumam a espera de acolhimento na Justiça de 1a. Instância. Seria insensato, portanto propor a judicialização da justiça como solução às próprias demandas. Faria sentido? Ou seja, não são as leis, mas a falta de sentido que sustenta as frágeis relações entre sociedade e poder público. Evidentes na pretensão do magistrado em querer sanar a deficiência na prestação de serviço público de saúde a canetada, seletivamente. A Justiça torna-se interessante caminho para, em nome do interesse público, promover o enriquecimento de quadrilhas de advogados, médicos em associação com grupos de patologias. Tudo na forma da lei. ...

Intervenção Militar no Rio de Janeiro? Acorda Amor, chame o Ladrão!

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Estive com o professor Mark Kleiman, consultor chefe do governo do Estado de Washington no Instituto Insper em São Paulo, que falou aos convidados no Fórum Estadão Brasil 2018. O professor abordou estratégias adotadas  para minimizar o problema causado pelas Drogas e Criminalidade nas cidades norte-americanas, Washington e Nova York, Para Kleiman a questão fundamental em qualquer politica na área de segurança não seria a luta contra as drogas, mas o controle dos efeitos colaterais do combate ao mercado ilícito das drogas, sobre a população, como por exemplo, a violência contra civis.  Entretanto, depois das palavras iniciais do ilustre convidado tive a nítida impressão de que o Brasil estava no caminho errado em suas políticas na área de segurança pública. Em primeiro lugar porque os enormes orçamentos destinados ao combate da criminalidade não estavam sendo aplicados corretamente. Isto é, combatemos indiscriminadamente traficantes...