Desfinanceirização da pobreza: Fim do Estado de Bem Estar Social Para Ricos.

A pobreza não é capaz de atrair para si outra coisa senão uma abordagem negligente que falseia a imagem da vulnerabilidade, ainda longe de uma deformação violenta, mas a caminho disso, que sorrateiramente define esta camada como infelizes, dignos de pena. Entregando-lhes ao filantro-capitalismo,  quando são avaliados apenas por teorias econômicas que a concebe pelo viés da insuficiência de renda, desconsiderando o grosso do problema que atinge toda sociedade. Sem o qual a pobreza simplesmente não existiria. Bastaria calibrar a percepção e observar a permanente tendência de financeirização das relações sociais para concluir, que pensar eticamente a pobreza também estaria fora de questão.

Seria necessário portanto ampliar o conceito, limitado às questões econômicas para outras esferas, que implicam na emancipação política da sociedade, único contraponto viável a incrível regulação econômica da vida dos brasileiros.

Temas como Educação, Saúde, Meio ambiente, Mobilidade urbana, Segurança, Corrupção, Justiça. dariam em seu conjunto a dimensão extraordinária para mudança no enfoque da problematização neste momento meramente econômica.

Dessa dimensão extraordinária, amplia-se a oposição às medidas assistenciais, que geralmente parte das necessidades mínimas, atingindo camadas miseráveis, arraigadas a cultura de políticas anti-pobreza, que na verdade nada mais fazem do que perpetua-las.

Caso exemplar, a exploração da atividade mineradora no distrito de Mariana no estado de Minas Gerais pela Vale do Rio Doce, avaliada apenas pelo viés econômico de suas atividades, a medida que a mineradora é a maior devedora do Tesouro Nacional e paradoxalmente uma das empresas mais lucrativas do Brasil.

Neste caso a Vale do Rio Doce inexiste como agente de transformação social cuja atividade se resume na distribuição do passivo ambiental integralmente para sociedade enquanto distribui Lucros e Dividendos para alguns. Isto é, uma fantástica empresa de distribuição de desigualdades.

Para garantir um enfoque mais honesto torna-se imprescindível relacionar noções complexas de exclusão social, ao invés da aceitação de transferência de renda como medida suficiente no combate a pobreza social e ambiental. O conjunto de medidas deveria impactar na reformulação dos sistemas de proteção social, de tal forma que o processo de emancipação política e social opere no bojo da nova concepção de sistema; com um estatuto mínimo que regule a relação Sociedade-Estado: Reforma política distrital, financiamento publico, para depois, reforma tributária e pacto federativo.

Sem que isso ocorra, o exercício da capacidade que permite a pessoa emancipar-se, decidindo dentre um conjunto de possibilidades em seu próprio território e o impacto de suas decisões que lhe daria melhores condições de vida, estaria inviabilizado.

Por outro lado, a emancipação viria em desfavor da indústria do direito e da indústria das politicas publicas seletivas que criam a ilusão de que no país mais injusto e desigual do mundo o equilíbrio das desigualdades se daria pela produção espontânea de leis, patrocinados por lobby's que infestam a máquina pública. Ora, senhores uma homenagem a Estupidez humana!

Portanto, somente com reforma política e tributária decentes, conseguiremos avançar, de outra forma, a situação de vulnerabilidade se perpetuará nas concorridas filas, nas madrugadas por aqueles que se avolumam a procura de um prato de sopa, sempre insuficientes para aplacar a fome por dignidade humana no país, mais desigual e injusto do mundo.

A ambição é o estrume da Gloria.


Claudemir Sereno

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