Em memória de Pôncio Pilatus.

"Disse-lhe Pilatus: O que viestes fazer aqui, onde as pedras são menos duras que os corações desses homens, que têm na hipocrisia e soberba, valores, que os levam a desprezar a massa ignorante?

Jesus, respondeu: Eu vim a este lugar testemunhar a verdade.

Então me responda, O que é a verdade? (Silencio)."

Passados dois mil anos, os sinais reaparecem em novos modelos. Dentre eles, o discurso de ódio perdeu espaço para a tolice, que agora cumpre a função do discurso de ódio e invade o nosso ser feito cócegas, então rimos. No mal estar da alegria as ideias tornam-se vagas e os argumentos rasos.

"Uma pessoa cai, nós rimos. A mídia reproduz, nós rimos; reinterpreta, nós rimos; reinventa a cena, nós rimos. E ao recordarmos, rimos automaticamente."

Eles fizeram uso primoroso disso para promover a infindável lista de Barrabás contra o único Cristo, o povo. E no humor reside a terrível covardia. Sequencia diabólica de rentistas, banqueiros, agentes corruptos e por trás, Caifás, a divida infinita, o câncer, a doença em larga escala, Previdência, Petróleo e Minérios.. O tempo é outro, mas o modelo de dominação é igual. Tanto que nos tornamos previsíveis: 

“se eu te conheço bem, eu sei o que você vai fazer, e rimos novamente”

Entretanto não tenho a pretensão de modifica-lo se isso significar mais hostilidade. Nesse caso me daria por satisfeito se conseguir leva-los ao pudor da culpa. Em meio a esse processo de pura violência. Seja, pelo reconhecimento da obsolescência das ideias vinculadas a um pueril critério de verdade. Seja, pelo reconhecimento de que essas ideias não atende ao fim que almeja. E por diversos motivos não podemos considerar a tolice um erro, mas uma maneira rasteira de pensar. No entanto, ainda que feita de verdade, esse tipo de pensamento requer repetição, reprodução e reafirmação. E, para fazerem jus às contradições que produzem a medida que as contradições também se repetem, cria novas regras para justifica-las. Eis a industria do Direito.

Geralmente uma guerra suja começa com palavras bonitas. Tipo precisamos"privatizar para aumentar a eficiência"e termina com resultados vergonhosos, iguais a privatização da Mineradora Vale S/A e o desastre ambiental em Mariana, Minas Gerais cujo passivo ambiental está na ordem de 1 Trilhão de reais. 

Embora, injustificável sob qualquer ponto de vista, nada foi feito. Não é por acaso que a maior concentração de Phd's do mundo encontra-se na assessoria do senado brasileiro. Só ali, 500 trabalham para justificar essas terríveis contradições que nos atinge impunemente.

Com tristeza observo o processo de estruturação, desestruturação e reestruturação empurrando a impossibilidade presente para irrealizável de longo prazo. 

"E a sociedade cai a todo o momento e 'eles' riem." Aqui e nos EUA.

Quando a pilhagem salta os olhos, a Globo entra em cena para limpar a sujeira. Valendo-se da repetição, reprodução e reafirmação: Reformas, Reconstrução, Repatriação, Reorganização, Reestruturação com ênfase em ideias vagas.

Talvez a única realidade possível diante da impotência do Judiciário seja alcançar a consciência de culpa. Nada mais. 

Então alguém cai e rimos. Afastados das infelicidades somos levados a negar o sofrimento as custas da dignidade e emancipação da nação. 


Rimos antecipando as grandes quedas sociais enquanto marcharmos por espaços públicos sem vestígio de vida publica. Ocupados por corporações, organizações criminosas e partidos políticos. Que em sociedade fizeram do Brasil o prolongamento do seu braço executivo. O Brasil a muito tempo deixou de ser um país, hoje não passa de um negócio ilícito! 

Para finalizar, podemos resumir a natureza desse processo da seguinte maneira. No momento em que Pôncio Pilatus deu um passo adiante e cravou os olhos naqueles judeus que astutamente, o iam entrelaçando na trama sutil dos seus rancores religiosos em favor de Barrabás, tendo como base da argumentação de Caifás: 

“Antes sofra um só homem do que sofra um povo inteiro”.

Pilatus, lúcido, tratou de lavar as mãos, dizendo:“Sou inocente do sangue deste justo. O problema é vosso.” No epilogo, exposto a toda sorte de humilhações, o inocente já crucificado, roga aos céus: 

"Pai perdoai-vos, eles não sabem o que fazem."

             Passado algum tempo, Pilatus foi assassinado. 

Portanto, se existe alguém mais odiável e imperdoável nessa história, só pode ser aquele que não sabe o que está fazendo. Mas quem seriam esses imperdoáveis hoje?

A Rede Globo, embora reitere, "a ignorância não é uma virtude," sistematicamente produz, reproduz e reafirma pensamentos imbecis. Confirmando o método da violência espúria na Reforma da Previdência entre outras tantas. Ou será que o monopólio da comunicação nacional não sabe o que está fazendo ao ensinar a falta de atenção quando escolhe quais as prioridades repetir?

 Foi no velório de Ruth, que voltei-me a eles, adoradores de Caifás e os cumprimentei em silencio. E, em silencio, os observei. Então pude perceber, que eles são muito mais previsíveis do que pensamos. E, se eu os conheço, sei o que irão fazer" 

              Julgue você mesmo. Ou você é daqueles que nada sabem?

(*) “A Morte tocará com suas asas aquele que perturbar o sono do faraó”