A terra desolada. Uma análise

Por qual motivo os processos investigativos são frequentemente paralisados ou inviabilizados em determinadas esferas de poder? O que a verdade poderia trazer de surpreendente para ser reprimida em nome da ficção política e jurídica disseminada pela mídia?



Antes da sessão do impeachment o Congresso já havia deixado a ideia de causa e efeito de lado. Aliás, bem construída ao longo dos primeiros anos da Operação Lava Jato que buscava a origem da corrupção. Mas, que de repente assumiu outra dimensão, a da culpa e perdão

Por incrível que pareça sinalizada por Sérgio Moro ao se desculpar perante o STF por ter extrapolado os limites de sua competência no vazamento de interceptação telefônica não autorizada envolvendo a Presidente da Republica e o ex-Presidente para Rede Globo de Televisão. A mesma tese sinalizada foi assumida por outros envolvidos em crimes de corrupção como doutrinária: da graça, da redenção e do perdão. Uma farsa desprovida de realidade jurídica ou psicológica. 

Portanto, a auto violação do processo pelo Juiz Moro, dirigente máximo da Operação Lava Jato tornará impossível o conhecimento da verdade última: a sabotagem do judiciário.

A partir destes sinais o jogo político inicialmente tímido ganhou força e começou a ser levado a sério. Gestado nos instintos mais covardes, astuciosos e baixos, envolveu gente intelectualizada da assessoria do Senado, Judiciário e Mídia, chegando aos subterrâneos do parlamento. Cada qual com responsabilidades na produção da antidemocracia, irmanados na finalidade última: Sepultarem a verdade.

Assim o tom de banalidades proferidas e que ainda ressoa levaram-me a vergonha por esses infelizes. Contudo a tolice é o véu que impede a verdade de aflorar. Dela decorre reações que assistimos ainda hoje, dos politizados do dia seguinte, que ao pronunciar os nomes dos heróis nacionais imediatamente demostram preocupação. Tudo isso fez parte do jogo ao modo do costumeiro arrependimento após a bebedeira. Cena comum. Hoje o Brasil parece estar diante de uma grande ressaca.

Porém, de acordo com as circunstancias há quem se declare, respeita-los sob certas condições. Porque eles foram os responsáveis pelas condições que culminou na decisão do Congresso. Pelo avesso, há quem reforce admiração aos devotos da boa causa, prontos a defini-los, injustiçados nos processos que respondem por corrupção, formação de quadrilha, caixa 2 etc.

A boa ação da impunidade contagiou após o processo de admissibilidade de crime sobre desvio de conduta da Presidente da Republica, que ainda estava sub judicie. Quer dizer tampouco o governo Dilma foi inviabilizado, os acusadores pretendem ignorar de uma vez por todas, a lei. O famigerado acordão, com o Supremo, com tudo, é isso.

Todavia resta a diferença, à sociedade não se dará por satisfeita com o impeachment. O que me leva a pensar. Antes divididos em apoios contrários, agora perplexos diante da ação de impostores, muitos teriam perdido a esperança mas é provável que em 2018, 'se o golpe não perdurar', talvez, uma nova dimensão da vida política provavelmente devolverá unidade e compreensão a sociedade. 

E quem sabe ficaremos próximos do resgate de palavras que muitos evitavam pronunciar em publico: Respeito, Justiça, Emancipação.

Se o pudor em pronuncia-las pode estar em vias de terminar em favor de quem vai pronuncia-las em grande numero, isso pode viabilizar a formação de uma narrativa genuína mas também pode anunciar tempos mais difíceis. Bastaria, portanto o reconhecimento ainda que tardio de que a lei foi aplicada apenas para inviabilizar a verdade e consequentemente a justiça. São definições embaraçosas que só o tempo poderá dizer.

Na lucidez e no reconhecimento de que o libertador atual é a mais mentirosa metamorfose da opressão convalidada por foros especiais. Ápice onde a alta corte da justiça brasileira, copula com a corrupção descaradamente: Ménage a trois entre os poderes.

O entendimento destes pressupostos revelaria o motivo pelo qual capítulos inteiros da Constituição Cidadã estão sendo esvaziados em favor do lobby internacional.

As armadilhas não foram poucas no contexto sócio-histórico recente do país. Na qual a sociedade se lançou, ou melhor foi lançada no processo político sendo explorada a exaustão pela mídia e sem lucidez, sem identificar a repetição da tolice que rende homenagens ao homem publico, ao abnegado de todas as eleições, ao novo salvador da pátria saído da casta dos imbecis, ricos e famosos, serve-se da situação caótica para justamente praticar a falta de atenção. Preceito bastante caro ao conjunto da sociedade mais pobre, que pagará até o mais remoto futuro. 

Como despretensiosamente também o fez, Sergio Moro, o penúltimo herói nacional. Embora seja o primeiríssimo na fila do perdão tal como pretendem outros heróis, aliados de Michel Temer e Eduardo Cunha. Esperar para ver. 

No país mais injusto do mundo a falta de honestidade jurídica clama perdão. Bizarro. 

Teori foi o primeiro soldado dessa causa e a primeiríssima vítima da governabilidade.

Vida que segue 


Claudemir Sereno

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